A emoção e as dificuldades de quem já ajudou 200 bebês virem ao mundo - AgoraNews.com.br
 
 
 
19 de Abril de 2024 -
 
07/07/2018 - 08h28
A emoção e as dificuldades de quem já ajudou 200 bebês virem ao mundo
Willian Leite
Campograndenews/Agoranews
Fabrina e o casal de doulandos, nome que ela se
refere aos casais que escolhem o parto
humanizado. (Foto: Marina Camilo)

As mães são a riqueza de qualquer ser humano, e com certeza há um lugar diferenciado guardado para quem as ajuda a trazer os filhos ao mundo. Aos 39 anos, Fabrina Jesus Flores, dedica seus dias de trabalho como doula a apoiar mulheres na hora tão especial de ter um filho. Fisioterapeuta de formação, ela começou a acompanhar mulheres grávidas depois de pesquisar sobre a doulagem na internet e descobrir um dom que tinha, mas que não sabia explorar. Desde então, já foram 200 novas vidas nascidas sob sua supervisão.

“Antes de me tornar doula, trabalhei como fisioterapeuta seis anos com gestantes. Um dia resolvi pesquisar na internet sobre mulheres grávidas, sem querer descobri o que era uma Doula. Depois, vi que havia um curso em São Paulo que ensinava a técnica, me aventurei e fiquei três dias por lá aprendendo", explica.

Mesmo com certificado em mãos, Fabrina já em Campo Grande, não começou atuar de imediato. Ela que ainda trabalhava como fisioterapeuta permaneceu no emprego. Só depois de dois anos  iniciou como backup, uma espécie de auxiliar de doulas profissionais. Foram exatamente sete partos que Fabrina acompanhou.

"Um dia estava em uma aula de pilates e uma das colegas que sabia que eu tinha o cursode doula, me chamou e pediu pra que eu acompanhar a gestação, esse foi meu primeiro trabalho", diz.

Foi no dia 27 de junho de 2014 que tudo começou. Fabrina explica que para sua surpresa a primeira grávida era médica e filha de um médico conceituado aqui em campo Grande. Doula de primeira viagem, no dia do parto ela afirma que não estava segura, porque tudo era novidade e a falta de experiência era um peso.

"Por mais que estive com ela durante toda a gestação, me senti retraída, até porque o médico que iria fazer o parto tinha excelentes referências", esclarece. No fim, tudo deu certo.

Neste tempo em que Fabrina trabalha como doula, ela diz que o parto que ficou marcado na memória, foi na verdade uma surpresa que desmistificou tudo que pudesse impedir de continuar na profissão. Uma de suas clientes teve o bebê dentro do banheiro do estúdio nos fundos da casa onde mora e atende.

"Depois de ir à maternidade porque a paciente estava com fortes contrações, o médico plantonista liberou pra que ela viesse pra minha casa. Aqui foi questão de minutos para que o neném nascesse. Foi muito mágico ver a criança, eu e o pai ficamos nervosos, mas acabou dando tudo certo".  

Na caminhada de Fabrina ajudando mulheres a dar a luz, ela conta que já passou por situações que só quem gosta do que faz suportaria. "Não tenho como descrever como essa profissão é apaixonante, houve dias que quase enlouqueci,por exemplo, duas vezes quatro mães ganharam no mesmo dia, doulei todo mundo, as vezes vira uma loucura, mas a gente dá conta".

Na maternidade, Fabrina acompanha todos os
passos das mamães. (Foto: Arquivo pessoal)

Oferecendo apoio emocional, amparo e incentivo as mulheres que estão em trabalho de parto, o trabalho de Fabrina é principalmente ampliar a sensação da grávida e de seus familiares de segurança e satisfação em relação ao nascimento do bebê.

"Meu trabalho é dar suporte e apoio as mães e as deixar  seguras de que o parto humanizado será o melhor e mais natural caminho para ela e o bebê", avalia.

Dentro de casa, Fabrina também tem que dar conta de ser mãe, esposa e dona de casa, tarefa que não é nada fácil, pois tempo não sobra, mas ela afirma que dá conta do recado.

"Meu marido e filhos dizem que eu não existo, porque levo muito a sério tudo sobre a meninas que acompanho, tem dias que acordo de madrugada e fico planejando o dia seguinte. As vezes acordo e vou acompanhar alguns partos e volto para casa sem que eles percebam, tudo já se tornou tão natural que até minha família já se acostumou", diz.

Sem planejar, uma das grávidas foi para casa de
Fabrina e acabou ganhando bebê no
banheiro. (Foto: Arquivo pessoal)

Nesses quatro anos de atuação, foram muitas mulheres e casais que a doula acompanhou. Em todo esse tempo viveu surpresas e ajudou escrever algumas histórias, como a da Arielle Silva Steiner, 29 anos, que foi uma das personagens principais da caminhada profissional de Fabrina, ela conta que a experiência é inexplicável.

"Doula não é médica, nem enfermeira. Também não é marido, mãe ou acompanhante. Pra nós, a Fabrina representou uma estrela guia, um apoio físico, logístico e emocional". 

Para Fabrina, o que a faz continuar o trabalho, são as amizades que se constroem nos acompanhamentos.

"As meninas depois que ganham os bebês acabam se tornando minhas amigas, de frequentaram minha casa e até sair para a balada", descreve.

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